Um homem caminha pelo quintal de sua casa. Vive a vida perfeita. Tem a mulher perfeita. Os filhos perfeitos. Os amigos perfeitos. O emprego perfeito. O carro perfeito. Os empregados perfeitos.Todo dia ele acorda, vê seus filhos crescendo e se desenvolvendo, tornando-se pessoas de bem; vê sua mulher sorrir para ela de forma cálida e sincera, como ele sempre quis. Eles se beijam e ele parte para o trabalho, feliz com a vida que levava.
Chega no escritório e seus empregados mostram respeito e admiração. Muitos o invejam, mas também não deixam de reconhecer seu talento.
Sua vida perfeita, ele voltava para casa e a mulher a recebia com os olhos brilhando, claramente feliz por vê-lo. Seus filhos vinham lhe mostrar como estavam indo bem no colégio, em todas as matérias, e então, começavam a sumir, um por um: seus filhos, a mulher, a casa, o carro, os colegas de trabalho. Logo estava sozinho na mais pura escuridão.
Eis que uma luz vermelha surge em sua frente, piscava com um ritmo doloroso, o homem já não apresentava o físico viril, mas sim um corpo doente, alimentado por cabos e tubos. Os olhos sem vida seguiam o ritmo da luz vermelha, piscando toda vez que a luz acendia. Ele tentava mover a boca para falar, mas tudo que podia ser escutado era uma voz metálica:"Número 451317, você matou, torturou, estuprou e roubou. A pena de morte já não está mais em vigor, mas creio que se você pudesse sentir algo, gostaria de que ela ainda existisse"
Finalmente o homem consegue falar:"Por favor, me dê mais...eu preciso de mais...só quero sentir a vida uma vez mais..."
"
Você, que tirou tantas vidas, agora quer senti-la? Não há benevolência nesse lugar...não há pena...há apenas aquilo que você causou a tantas pessoas, apenas o sofrimento"
A luz vermelha, que parecia ser o olho de quem falava, apaga de vez. Deixando a voz fraca suplicando ao nada.