Sunday, March 11, 2007

Nephalin – Fragmentos de um diário

-Janeiro de 1969-

Vejo que morri novamente, dessa vez até demorou a que me achassem. Estamos em 1969 agora. Mais uma vez recobrei minha consciência aos 18 anos e logo fui buscar meus diários para que eles fossem atualizados.
Em minha vida anterior, fui apresentado a alguns demônios bem cruéis, que não tiveram piedade para com um meio-anjo. Já me encarreguei deles nessa vida, obviamente.
É engraçado o sentimento de paz e amor gerado pela guerra. Me faz pensar no sentimento que me gerou: uma breve paz entre humanos, anjos e demônios, amor entre anjo e humana. Guerra após este pequeno intervalo.
Repare que a cada encarnação minha, meu discurso muda consideravelmente. São as influências dos 18 anos até que eu acorde, o sentimento é o mesmo; a forma como interajo com ele que muda.
Logo me acharão novamente, não sei se serão os divinos ou os malditos. Talvez humanos a serviço de um dos dois, já que nem sempre eles podem atravessar.
O próximo portal se abrirá no Vietnã, a guerra lá não é coincidência.
Se eu morrer agora, só terei outra chance depois do ano 2000, quando o portal se abrirá no Brasil, ficando aberto por aproximadamente 10 anos. Coitados, a violência chegará a níveis absurdos...e se eu estiver certo, sua salvação reside num meio demônio...



William Joel Karasu, Estados Unidos, 1969.













-Agosto, 1944-

Acordei uma vez mais. 18 anos em outubro e uma vacina e uma passagem para as fronteiras, enfrentar a ameaça alemã, foram meu presente de aniversário.
“A guerra que acabará com todas as guerras”, que piada...
Por sorte consegui recuperar meu diário.
Esta já é minha quinta encarnação, reparo que a humanidade pouco muda: a ganância e a megalomania perduram, e assim há de ser pela eternidade.
Meu irmão nessa vida, lembra-me um pouco do irmão da vida passada. Talvez por isso eu o tenha matado. Curioso, eu apreciava muito a sua companhia. Acredito que seja influência dos 18 anos sem minha real consciência.
Por muito tempo eu acreditei ser o único que reencarnava. Mas não é dessa forma, em minha vida passada encontrei com um elemental do ar que procurava seu mestre, e para isso encarnava em um corpo humano.
Eu tentei ajuda-lo, e nessa encarnação atual, creio ter encontrado o mestre dele por puro acaso.
Infelizmente não poderei avisa-lo. Creio ter chamado atenção de seres perigosos. Tenho tido pesadelos e sinto-me observado. Não sou o único com essas sensações aqui no exército. Maldição...creio que morrerei em breve.
Não me entregarei tão fácil, tornarei difícil a busca de quem quiser me achar. Ainda assim, só atualizarei este diário em minha próxima vida...

Jacques La Brie, França, 1944.

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