Sunday, May 07, 2006

Flash Of The Blade

Capítulo 1- Estranhos conceitos
Uma solitária figura andava por uma estrada deserta, seu modo de avançar mostrava sinais de cansaço e o calor insuportável tornava as feridas mais irritantes, queria arrancar a pele com as unhas, se ao menos pudesse. A figura andava com uma katana, espada japonesa, na mão direita, e seu antebraço mostrava uma linha de sangue que começava de seu ombro, visto a mancha vermelha na camisa branca. O suor tomava conta de seu rosto e sua testa pingava, os olhos negros pareciam perdidos, embora seus passos continuassem no mesmo ritmo. Não eram mais que três da tarde, o sol continuaria flagelando o corpo do indivíduo por mais algumas horas sem parar.
Finalmente o havia encontrado. Ela observava do alto de um pico aquela figura estranha. Seus cabelos eram negros, mas ainda havia resíduos da tinta vermelha que aplicara no cabelo há um mês atrás. Ela deixa a sacola negra no chão e logo após abri-la, começa a montar o tripé da arma de longo alcance. Em poucos minutos a arma estava pronta: ela carrega o rifle com apenas um tiro, era tudo que precisaria para eliminá-lo. Ela começa a mirar, a lente examinava melhor cada centímetro do corpo daquele homem. Cabelos negros até a altura do ombro, calça jeans surrada e com um rasgo no joelho direito, e no lado esquerdo tinha o coldre de uma arma amarrado na altura da coxa. Ela sorri ao pensar que aquele tiro seria fácil demais, porém, quando seu dedo começa a espremer o gatilho, uma luz ofusca sua visão, amplificada pela lente ela fica momentaneamente cega do olho esquerdo. O disparo não acerta o homem por quase um metro de distância.
—Desgraçado!!!—A mulher diz, esfregando o olho. Só pioraria a situação, ela não sabia o que tinha acontecido, mas perdeu tempo demais: o homem já tinha se escondido. Ela fica de pé, procurando por seu alvo, sem nenhuma sorte. Ele era esperto, isso era verdade: ele era um adversário fabuloso. Ela puxa a bolsa para mais perto e guarda seu rifle. Teria que ser na moda antiga: ela tira sua 45mm da bolsa e guarda no seu coldre. Aquele safado não ia escapar dela, uma assassina profissional.
Já havia percebido a mulher, sabia que ela o seguia há alguns dias. Sempre tinha achado uma maneira eficaz de despistá-la sem que ela percebesse que ele a tinha notado. Dessa vez, infelizmente, não poderia ser assim: quando ele percebe que ela o observava pela lente, ele vira a lâmina da katana na direção dela. Tudo que precisou foi esperar que ela olhasse na direção exata e quando o brilho fosse amplificado pela lente, ele se esconde atrás de um paredão de rochas. Ela era uma profissional, não restavam dúvidas quanto a isso, mas ele também, e por isso não havia remorso em matá-la.
Um terceiro observava a tudo, os chefões estavam enjoados daquele jogo de gato e rato: matar o traidor, e trazer a novata de volta, essas eram suas ordens. Nunca deviam ter confiado naquele oriental filho da puta, ele pensava. E aquela ruiva era sim um bom enfeite pro grupo, uma ótima diversão também, ele sonhava, mas obviamente não tinha a capacidade para servi-los senão no prazer. Ele ensinaria à novata uma severa lição, ele e seus companheiros. Afinal, ela nunca deixaria de ser o que sempre foi: uma prostituta com uma arma na mão.
Cidades fantasmas como aquela deviam ser comuns na região, um lugar seco e inóspito. Ele se esconde no que deveria ser um bar, odiava a estrutura do lugar: não havia portas para separar os cômodos, não havia nenhum lugar onde ele pudesse ficar totalmente escondido, e ainda assim era melhor do que a maioria das casas por quais ele passara. Ele vira algumas mesas e fica detrás delas, ao lado da porta.
Com certeza ele estava na cidade, ela joga os cabelos pra trás enquanto pensava nisso, para em seguida prendê-los num rabo de cavalo. Ela observa as casas que podia ver por um bom tempo e logo deduz: “O bar”, era o melhor lugar no qual poderia se esconder, melhor do que algumas casas caindo aos pedaços, algumas sem nem paredes completas.
Sem saída, ele já esperava antes mesmo de ouvir a arma sendo engatilhada. Sem saída, ela já sabia, ou ela mataria ou seria morta, sabia que ele ia aproveitar o momento em que ela entrasse para atirar. Aonde ele estaria? De que lado? Direita, ou esquerda? Estava parada na entrada e só via diversas mesas espalhadas: esperto. Ele poderia estar atrás de qualquer uma das mesas, e quando ela entrasse, ele só precisaria atirar. Simples assim.
Ela descarrega um pente nas mesas, em diversos pontos. Não havia outra, ele tinha que estar morto, isso, ou...
Click! Duas armas engatilhadas, cada uma visando certeiramente a cabeça do adversário. No momento em que entrou no bar, a arma já procurava a direita. O homem quase se espanta, mas também não hesita, quando ela entra já tinha a arma na direção de sua cabeça:
—Como adivinhou o lado?—O homem pergunta sem demonstrar qualquer emoção.
—Eu lembrei de seu ferimento, você tinha que estar empunhando a arma com a mão esquerda, o resto foi sorte...vai atirar?
—Você vai?
—Você é um traidor, Akira, eu bem deveria atirar!
—E por que hesita? Aliás, Akira é o nome que eles me deram...me chame de Rion...
—Eu hesito… porque eu não acredito que você tenha traído os yakuza.
—Ah, acredite… eu sou o traidor que eles dizem...
—Então diga adeus...—Quando ela vai puxar o gatilho, uma enorme mão encobre a sua, puxando-a para fora.—O quê???
Ela vê o companheiro de Yakuza, o grandalhão americano Dan Michaels. Ele a segurava enquanto os dois companheiros entravam na casa:
—Mas que diabos, Dan!!! Eu estava quase conseguindo!!!
—Você fica uma graça nervosa, deixa que eles cuidem disso.—Ele começa a arrastá-la, segurando os pulsos dela nas costas. Quando o metal frio das algemas envolve seus punhos, ela percebe em que tipo de problema se encontrava. Ele a empurra para dentro do carro, e começa a dirigir:
—Seu filho da puta, eu prefiro morrer antes de lhe dar qualquer forma de prazer!!!
—Então, dê a ordem!—Ele aponta a arma para trás, enquanto dirigia.—Dê a ordem e eu tiro sua vida, sua piranha! Mas você vai me dar prazer de uma forma ou outra...depois, é só colocar a culpa no Akira.
Ela observa o cano da arma por um bom tempo, até Dan guardar a arma:
—Você até tem bom-senso, gata...exceto na hora de matar...porque não atirou de uma vez?
—Eu não sou que nem vocês...eu não gosto de matar sem saber o porque de eu estar fazendo...
—Ah, é mesmo! Você ainda é novata, você ainda mata querendo saber o porque… que idiota!
A viagem toma quase vinte minutos, o carro para no meio do nada. Ele abre a porta do banco traseiro e puxa a mulher, jogando-a no chão. Ela tenta se afastar, mas em pouco tempo o homem já estava em cima dela, abrindo o zíper da calça de couro que ela usava. A mulher deixava algumas lágrimas correrem, não era nenhuma novidade fazer sexo com um homem qualquer, mas dessa vez ela não estava recebendo para isso, estava sendo forçada e havia uma grande diferença nisso. Ele a apalpava com um sorriso doentio em face, ele não chega a violentá-la. Algo o atinge nas costas e ele se distrai tentando ver o que era.
O espanto não poderia ser maior, a cabeça de seu companheiro tinha manchado suas costas e o braço de sangue e a cabeça do outro estava pouco atrás da do primeiro:
—Seus amigos são bem estúpidos, hein? A mulher teria conseguido me matar...
—Akira!!!—Antes mesmo de Dan puxar a arma, uma bala cruza sua cabeça e o arremessa atrás da mulher. A silhueta do homem segurando uma espada japonesa em cima do carro, revela a identidade do atirador.
—O nome é Rion, Rion Akira. Você é...
—Charlotte...Charlotte Bryant. Obrigada…
—Temos que ir embora rápido, logo vão saber da morte de Dan.—Ele desce do carro e pega na jaqueta do falecido as chaves das algemas.—E logo vão estar aqui...
Charlotte se levanta e vê que os corpos decapitados não tinham a marca de nenhuma bala ou projétil, apenas o corte da lâmina oriental. Ela percebe que estava na frente de um assassino de alto nível, por isso os yakuza queriam se livrar dele...ele era bom demais e facilmente se tornaria poderoso no grupo.
Charlotte acompanha Rion para dentro do carro de Dan. Ela senta ao lado do oriental e ele começa a dirigir, três corpos permaneciam inertes no terreno arenoso onde lutaram. Logo centenas de membros da Yakuza estariam perseguindo aqueles dois traidores. Uma terrível luta pela sobrevivência estava prestes a começar, Rion não tinha certeza de que desejava sair dessa com vida; Charlotte por sua vez, sabia o que queria: qualquer coisa que fosse melhor do que a morte nas mãos dos Yakuza.

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-> Sou eu! \o/ Eu sou o Homura! ^^ Distribuição de qualquer forma é proibida sem meu consentimento! heheheheh!

Eu não tenho atualizado ultimamente...por isso resgatei essa história antiga que eu postei no Fiction press...