Onde Lendas Vivem
"Então você está nos deixando?" Ele pergunta, desolado.
"Chegou o momento, meu querido aprendiz." A resposta o atropela como um caminhão desgovernado. Não era nenhuma surpresa: sua mestra era uma lenda, tinha se tornado uma fazia o tempo de uma vida. Inspirava muitos pelo mundo inteiro com sua postura ilibada e presença imponente, além de sua altivez incomparável. Seu discípulo questionava-se frequentemente como alguém era capaz de deter tantos talentos e ser tão humilde. Tão grandiosa ao mesmo tempo tão acessível.
Tinha medo desse dia. Do dia em que ela abandonaria a todos.
"O que faremos sem você, Mestra?"
"O que quer dizer, meu discípulo?"
"Você influenciou tanto. Fez tanto por tanta gente." Havia um leve desespero em sua voz. "Você se tornou uma lenda ainda tão jovem, e continuou crescendo e mudando, tornando-se irreconhecível da pessoa que começou a jornada, ao mesmo tempo em que você ainda é a mesma que sempre foi.
"E você me acompanhou esse tempo todo. Você seguiu meus passos e deixou minha obra influenciar a sua. Sinto-me honrada.
"Mas sem você..."
"Eu cheguei a esse status tem muito tempo. Não estou cansada, por assim dizer, mas também não vejo mais o que posso oferecer a esse mundo."
"Sem você..." Ele repete, melindroso. A expressão da lenda fecha-se em uma carranca, assustando o discípulo.
"Já não é hora de você e aqueles que também me seguem tornarem-se lendas também? Já não chegou a hora de escreverem suas próprias histórias?" Havia um desapontamento palpável em sua voz, como se previsse o que o pobre discípulo argumentaria.
"Não somos bons o bastante! Alguém como você só surge uma única vez durante o tempo de uma vida!"
"Então esse tempo já passou! Já é hora de alguém tomar o meu lugar! Que seja você, se assim o quiser! Que seja alguém com uma luz mais forte do que a minha!"
"Nós já perdemos tantas lendas! Por que temos que perder você também?"
"Porque é assim que funciona! Estamos aqui para inspirar aqueles que tomarão nossos lugares! Ascenderemos às estrelas para guiar aqueles que buscarem seu próprio caminho! Não podemos permanecer como muletas para aqueles que tem medo de novas histórias, novos sons e novas imagens! Entalhe seu nome na história, meu discípulo, e deixem-e orgulhosa!"
Com apenas um brilho, a lenda voltou à forma com a qual havia chegado: poeira estelar, forma original de todas as lendas que aqui pisaram e aqui vão pisar. Viajara por diversos universos, atravessara incontáveis galáxias apenas para chegar aqui, reunindo um potencial cósmico e o combinando de forma e imprevisível e incerta, mas ao mesmo tempo espetacular. Ao ver essa cena, seu discípulo não mais temeu. O discípulo bateu a poeira de suas mãos para que enfim pudesse alçar sues próprios vôos.